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Bela, aos 80 anos (18 fev. 2010)
Mamãe
Ainda jovem escrevi, em tua homenagem, um poema, do qual não me recordo, com precisão, os versos... Lembro-me, apenas, ter construído, a partir da pureza adolescente, uma declaração de amor ao sentimento de amor extravasado, continuamente, através dos teus poros.
Exaltei-te a face, o sorriso, as palavras... e tudo quanto exsurgia diante dos meus olhos a se plantar robusto na minh'alma... Por esse poema, colhi um prêmio oferecido aos jovens estudantes da região. Mas, pergunto-me, se foi a cadência poética ou o amor ali descrito, a verdadeira razão daquela vitória... Em realidade, isso pouco importa, agora, não obstante interesse que sobrevivam, insignes, o amor, o respeito e a admiração ali descritos, arraigados na minha vida.
Mamãe, ao invés de tão somente construíres morada no meu coração, dele fizeste domicílio eterno e inextinguível...
Ao meu pensar, diviso serem as estrelas das noites ineptas para enunciar tuas bondades; as águas dos oceanos insuficientes para asfixiar tua fé inquebrantável e as montanhas que ladeiam nossas terras, quedam-se anemizadas, ante o verdor da esperança, contagiante, expressada nos teus gestos de patriotismo.
Ao pensar em ti, minha Mãe, confundo-te gata e leoa, mansa e feroz, no carinho ou defesa dos teus filhotes...
Ao ambicionar ser exemplo do que és, Mãe poeta, perco-me nas raias do simples arremedo - tão grandiosa és - e, ao ensejo de ser educadora, arruíno-me num confronto às palavras, pois não cultivei a abnegação e a benevolência naturais das tuas atitudes.
Ao cobiçar ser espelho de ti, Mãe amante atraente, não ultrapasso a falível paixão e, ao desejar ser pura, só consigo despertar os prazeres da carne mais profundos.
Não me foi exeqüível, até o momento, desenovelar os limites da minha incapacidade de ser assim - cabalmente humana - da forma como és, minha Mãe!
Engraçado... ainda hoje, estorvo-me, ao procurar vocábulos ou expressões suficientes para definir-te e, neste momento de inaptidão reconhecida, restrinjo-me a ser a menina-moça de outrora, quando encerrou assim o seu poema:
"Minha Mãe é o ser imarcescível
que eu descrevo nestas simples linhas.
Seu amor é tão grande, imensurável,
que já não cabe nestas frases minhas."
Felicidades, mamãe!!!
Um beijo carinhoso da filha,
Sílvia Mota.
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Homenagem realizada no Dia das Mães, 13 de maio de 2001, quando a mente fabulosa da minha mamãe (hoje perdida aos sonhos e pesadelos, quem sabe?) ainda conseguia reconhecer em mim sua segunda filha.
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Notas:
Nada, nenhum título ou prêmio (e não foram poucos!) fez com que mamãe deixasse de ser mulher simples, devotada ao seu primeiro e único amor, mãe extremada, patriota em essência e professora primária ativa na missão de transformar os pequeninos seres que se colocavam aos seus cuidados, em cidadãos conscientes dos seus deveres.
Em homenagem à minha Mãe - Mariinha Mota - cultivo apaixonadamente minha essência poética, dedicando-lhe quaisquer atividades que venha a desenvolver e quaisquer vitórias que mereça ostentar nesta seara.
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